Pularam-se as sete ondas
Ou foram oito? Uma delas me alcançou enquanto eu saía da água.
Não importa, os pedidos já foram feitos por
Bilhões de pessoas em um planeta que acabou de dar mais uma volta
Em torno de uma estrela
Que brilha.
Pessoas que comemoram na noite e se esquecem
Por medo ou desdém
Que elas mesmas são lindas estrelas
Que também brilham
E que aquecem aqueles ao redor.
Mais um ano começou
Mais um número somou-se ao que já está saturado
Dois mil anos e a gente ainda não viajou pelo universo?
Ouço pessoas me dizendo "nada mudou"
Mas percebo que tudo está o inverso
Somos nós mesmos inventando ritos de passagem simbólicos
Pra sinalizar uma mudança que acontece dia a dia
Mude o ano,
Mude o dia,
Mude o teu número de telefone.
Cada dia em que você acorda
Você já traz o dia anterior na bagagem
E nem percebe,
Mas como poderia?
As mudanças são como marcas no rosto
Elas aparecem devagar
Um milímetro por dia
E quando se percebe, já estamos sábios
Cheios de história
Cheios de dor nas costas
E é aí que passamos a esquecer os anos que passam
Não existem mais viradas,
Ou um mero planeta em torno de uma estrela.
É aí que tudo que importa são as estrelas da nossa família,
Dos nossos amigos,
E a nossa própria que brilha toda manhã no espelho.
Devemos esquecer mais os ritos
E focar mais nas pessoas
Essas sim mudam vidas.
