Naquela noite que confessei como estava me sentindo, senti
um verdadeiro alívio. Apesar do descompasso causado pelo friozinho na barriga,
era a primeira vez que não via exigências a serem feitas pelas partes
comprometidas, mas liberdade para sentir o que se estava sentindo. Não era necessário que algo a mais fosse dito.
Tentei pensar no significado de suas palavras e cheguei até interpretá-las
erroneamente. Desculpe, se te assustei. Talvez esteja indo com sede demais.
Devo aprender que tudo tem um tempo certo para florescer. Até mesmo os
sentimentos precisam ser regados diariamente através de pequenos atos, palavras
singelas, por um sorriso sincero ou um olhar acolhedor.
Estou em posto, em um campo de batalhas. Luto contra mim
mesmo, para não ser obrigado a acreditar que tudo isso não passa de
expectativas não preenchidas, que meu sentimento que cresce a cada dia, não
passa de um fruto das minhas idealizações frustradas. Não! Estou lutando
bravamente, pois acredito na pureza dos nossos sentimentos, ainda que o mundo
queira corrompê-lo.
Disseram-me que eu, talvez, não te mereça. Quem sabe? Talvez
eu realmente não te mereça aos olhos daqueles que concebem as pessoas como
troféus. Devo guardar-lhe na estante, empoeirada, colecionando lembranças e
afeições destruídas? Tento ignorar os “conselhos”
alheios. As vozes são muitas que quase não escuto a voz do meu coração... Ela
fala tão baixinho, que às vezes chego a ignorá-la e isso só a frustra. Estou me
abrindo aos poucos aos seus preciosos conselhos, não irei deixa-la ao relento.
Quando penso em todo o “cuidado” que você tem comigo, reflito minhas atitudes e
posteriormente me acalmo.
Você é como uma flor, a “flor da noite”, que demora tempos e
tempos para desabrochar e mostrar sua beleza ao mundo que (infelizmente) dura
apenas por alguns minutos. Tem que ser sábio para apreciar-la, pois é raro os momentos em que ela se abre.
Minha dama da noite, estou aqui para ser
transformado, mesmo que não venha a ter por mim sentimentos recíprocos... Estou
com medo, não nego.
Caminho em passos lentos, devagar, devagarinho, pois até
mesmo o caminho que percorro, a natureza me ensina que tudo nasce, tudo cresce,
tudo floresce, tudo se transforma e nada se perde, absolutamente nada...