De uma Mente sem Lembranças



Se você estiver aí fora pelo mundo, andando sem rumo
Eu vou deixar essas palavras escritas,
Metidas e sortidas,
Pra que antes de dormir você consiga se lembrar.

Você sabe que lá fora está frio,
E que dentro da minha jaqueta você nunca se sentiu sozinha.
A gente sabe que as coisas mudam
E que eu só queria que mudasses pra cá.

Tal qual como você gosta, nós vivemos em um mundo de clichês,
Em que ninguém quer aceitar as coisas de verdade.
Vivemos proclamando independência, dizendo para nós mesmos que não, que não amamos, que não precisamos de nada, enquanto adormecemos abraçados em um travesseiro ou urso de pelúcia.

Você quer provar pra si mesma que pode resolver seus problemas sozinha,
Mas acaba esquecendo que sozinha você nunca esteve,
Esquecendo que o máximo que eu podia fazer era oferecer meu colo depois de um dia ruim.

Mal eu sabia que aquele dia era mesmo o fim,
E infelizmente eu guardei todas as nossas lembranças por aí, guardei todos os sentimentos numa caixa de post-its, guardei a última memória do teu rosto nos meus sonhos.
É bem triste saber que a última vez que te vi, chovia lá fora e você ia embora, e quando dobrou a esquina, não olhou pra trás.
Mesmo que "não olhar pra trás" seja algo que eu inventei, pra poder rever um dia todos os que eu já amei.

Espero que nesse momento já saiba que estive te procurando uma noite dessas, dias atrás,
Que tenhas encontrado algo de sua posse na frente de sua casa,
Que eu admito - teria dado tudo pra ver tua reação ao encontrar - ,

E que tenha descoberto que na verdade nunca me amou.
Por mais que tenha jurado isso, que tenha dito que não sentia isso em tempos, que era o único na tua vida até hoje e talvez para o resto dela.

No final, quase tudo que eu podia dizer está na caixa.
E se estiver por aí sem rumo, nesse mundo que é muita coisa além de cruel,
Abra-a e leia o quanto for preciso pra se sentir melhor.