Entre o vai e o vem, imerso na correria do cotidiano, entre milhares de pessoas, a vida acontece enquanto caminho sobre o mundo, sonhando com nuvens que somente os olhos alcançam. Nessa infinidade de diversidades, mergulho no mar da existência e deixo que as ondas carreguem sonhos em formatos de conchas e deixo também que o barulho da água me acalme, ainda que por alguns instantes.
O mar nunca foi calmo, sempre tumultuado de sentimentos confusos que vêm e vão; me levando constantemente a altos e baixos. Mas momentos calmos são verdadeiramente assustadores para quem aprendeu a viver seu desassossego! Posso até sonhar com a paz, mas ela será como as nuvens que enxergo no céu: inalcançavelmente distante.
Já que para ter paz preciso de asas para alcançar nuvens, contento-me em viver onde meus pés são capazes de me levarem. Ando por estes espaços e percebo que eles só são preenchidos quando se há presença de vida. Este espaço só tem minha cara, porque dele, me ocupo. Uma hora, me desafaço e mudo! Mudo tudo e mudo também este espaço que deixará de existir porque suas paredes não reverberaram minhas conversas silenciosas e histórias de um passado que conto apenas para mim mesma.
E quando eu me desfazer deste espaço, terei o mundo inteiro para ser apreciado e descoberto.
Terei minha satisfação em jamais sossegar a alma que nasceu para ser curiosa e inquieta.